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sábado, 15 de maio de 2021

[0142] Candeeiros do Terreiro do Paço

Finais do século XIX ou início do século XX


Século XX, antes das obras de requalificação do Terreiro do Paço, ainda sem a estátua de D. João IV (a foto pertence ao espólio Mário Novais e foi recortada e ampliada, para se poder ver melhor o candeeiro - a base é relativamente semelhante à anterior, a parte metálica também, mas a lanterna é mais elaborada).

Modelo posterior a 1943, pois há fotos da estátua de D. João IV inaugurada no final desse ano, ainda sem estes candeeiros. A lanterna é muito semelhante, mas o suporte é todo em mármore, replicando o modelo das pilastras de "ordem dórica" da fachada do paço ducal. Foto Joaquim Saial

[0141] A rua de Henrique Pousão, no Porto


 

domingo, 9 de maio de 2021

[0138] 20.000 visualizações ao AVV, em menos de dois anos













Agradecemos e comemoramos estas 20.000 visitas ao Arquivo de Vila Viçosa, com uma das muitas capas de livros desenhadas pelo nosso patrício Espiga Pinto. No caso, "Feira Cabisbaixa" do poeta Alexandre O'Neill (em 2.ª edição, de 1979, da Livraria Sá da Costa, Lisboa - a 1.ª edição é de 1965, da editora Ulisseia). Nesta 2.ª edição, a obra apresenta a particularidade de ter capa e contracapa, exactamente iguais. Eram bons tempos para os livros, muito diferentes dos miseráveis dias de hoje: tiragem de 3000 exemplares, em 2.ª edição!!! Quanto ao desenho da capa, não é preciso explicá-lo...

Na página 34 surge o poema "Velha fábula em bossa nova" que aproveitado por Amália Rodrigues foi cantado por ela, com música de Alain Oulman. Nos discos, de que mostramos duas capas, a canção tomou o nome de "Formiga bossa nova".

LP, 1970

Ver AQUI mais informação sobre este disco.

Single (desconhecemos a data, talvez de 1970)

1.ª edição, também com capa de Espiga Pinto  (foto Internet)

sábado, 8 de maio de 2021

[0137] "Literatura e Cultura em Tempo de Pandemia" saiu anteontem, no Centro Nacional de Cultura, em Lisboa

Com o alto patrocínio da UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa), foi anteontem, 6 de Maio, apresentado e distribuído aos autores presentes no Centro Nacional de Cultura (Lisboa) o livro "Literatura e Cultura em Tempos de Pandemia" (venda em livraria, a partir de 18 de Maio).

Com 75 autores lusófonos, entre os quais os consagrados Germano Almeida, José Luís Tavares, Mia Couto, Lídia Jorge e Manuel Alegre, o livro traduz em prosa e verso o "pensamento" dos participantes/convidados sobre a pandemia que se abateu sobre o mundo em 2020 e que ainda se mantém.

A sessão de lançamento teve na mesa o Presidente da UCCLA, Dr. Vitor Ramalho, para além do Dr. Rui Lourido, coordenador cultural da UCCLA, o editor Manuel S. Fonseca da Guerra e Paz (sob cuja chancela a obra sai) e a Dr.ª Goretti Pina (São Tomé e Príncipe) que falou em nome dos restantes 74 autores.

A nossa colaboração concretizou-se através do poema "O Maldito" e da short story "O Fim", que aqui agora reproduzimos.



quarta-feira, 5 de maio de 2021

[0136] O texto de António Ferro sobre Florbela Espanca, de 24 de Fevereiro de 1931, no "Diário de Notícias" (ver post anterior)

"Diário de Notícias", 24.02.1931, pág. 1 - Cópia exacta da grafia original

UMA GRANDE POETISA PORTUGUESA

Busto de FE, por Diogo de Macedo,
Jardim Público, Évora
Inaug.1949
Nunca vi Florbela Espanca, nunca lhe falei, nunca a lisonjeei, nunca fui lisonjeado por ela. Da sua personalidade conhecia, apenas, juntamente com o seu nome ingénuo, precioso, quase ridículo, alguns sonetos interessantes mas filhos de outros sonetos, sujos de influências, com dedadas de outros poetas… E Florbela Espanca ficou arrumada, no meu ficheiro, durante muito tempo, como uma das poetisas da colmeia, como uma das cigarras do nosso lirismo inofensivo, de «palcos e salas»…

Passaram-se anos e eu deixei de ouvir falar e Florbela, como deixo de ouvir falar, de quando em quando, em certas poetisas que encontraram no casamento a rima difícil que procuram.

Há poucos meses, porém, pegando numa revista literária, , topei com um soneto que entrou pelos meus olhos dentro, um soneto que fecha com estes versos maravilhosos, versos que justificam Paul Valery quando diz «que o lirismo é o desenvolvimento de uma exclamação»:

            Sou eu! Sou eu! A que nas mãos ansiosas

            Prendeu da vida, assim como ninguém,

            Os maus espinhos sem tocar nas rosas!

Fiquei impressionado, confesso, mas duvidoso: «Quem sabe? Talvez fosse por acaso…» Mas pouco depois, na semana seguinte topei com outro soneto e compreendi, definitivamente, que não estava diante duma poetisa de «acaso», como ao princípio julgara, mas diante de uma grande poetisa, duma poetisa-poeta. Nesse momento, devo dizê-lo, havia já quem fizesse justiça completa a Florbela Espanca e é lealdade registar os nomes das suas companheiras Teresa Leitão de Barros, Laura Chaves, Fernanda de Castro e outros nomes. com certeza, que procuravam trazê-la para a luz e para a glória! De repente, quando já estava no prelo o seu livro «Charneca em Flor», o beijo trágico da morte, o beijo da morte, uim beijo mutuo consentido, um beijo pedido... Esse beijo iluminou, bruscamente, todos os seus versos, timbrou-os, serviu de ex-libris a Florbela, cujo nome deixou e ser ridiculo e precioso, cujo nome ganhou um sabor medianimico, espectral. Florbela matou-se, «desfolhou-se» como uma flor cansada e a sua morte foi um pingo de lacre vermelho sobre  a sua inquietação, sobre a sua tortura... A sua morte dramatica, angustiosa - selo da sua arrepiante sinceridade, soma dos seus versos... Se uma duvida perturba a nossa emoção, na leitura do seu livro, se um soriso de vaga ironia pretende secar os nossos olhos humidos, ha logo uma voz intima  que nos diz: «Pois sim, amas ela matou-se...» E o perfil aereo, o perfil astral de Florbela Espanca acompanha-nos, numa flutuação, até ao ultimo verso de «Charneca em Flor».

Que disseram os jornais sobre a sua morte? Nada... Duas linhas apagadas na necrologia, onde não havia, sequer, uma referencia aos seus versos, aos seus versos sinceros, crucificados, enormes! Nem um comentario, nem um adjectivo, nada! Apenas eu e mais alguns, poucos, lemos a sua morte, recitámos a sua morte, como um dos seus mais belos sonetos, o soneto-redoma de todos os seus versos...

Fiquei à espera do seu livro, do regresso da sua alma... Entretanto, o «Diãrio de Notícias», na sua página «De Norte a Sul», publicava um artigo comovido, enternecido, de Celestino David, em que se anunciava, em lindas palvras de justiça, a próxima aparição da «Charneca em Flor», da charneca em dor... A ilustrar esse artigo, um soneto inédito do livro, um soneto que apagou todas as possíveis dúvidas que pudessem existir ainda no meu espírito sobre o grande caso da poesia portuguesa, de lirismo portuguès, que é o caso dramático de Florbela Espanca. Esse soneto chama-se «Pobre de Cristo» e é todo o coração do Alentejo em labareda e cinza e é toda a nostalgia da terra natal, que se perdeu, a terra familiar e estranha, que nós conhecemos e que já não nos conhece... Não resisto à tentação de transcrever de novo, essa pequena obra-prima que me fez aguardar a «Charneca em Flor», com alvoroço, como se espera uma relíquia. Eis o soneto:

            Ó minha terra na planície rasa,

            Branca de sol e cal e de luar,

            Minha terra que nunca viste o mar,

            Onde tenho o meu pão e a minha casa.


            Minha terra de tardes sem uma asa,

            Sem um bater de folhas…a dormitar…

            Meu anel de rubis a flamejar,

            Minha terra moirisca a arder em brasa!


            Minha terra onde meu irmão nasceu

            Aonde a mãe que eu tive e que morreu

            Foi moça e loira, amou e foi amada!


            Truz... truz... truz... Eu não tenho onde me acoite

            Sou um pobre de longe, é quasi noite,

            Terra, quero dormir, dá-me pousada!

No próprio dia em que li este soneto, cujos versos se agarraram a mim, como vozes, e nunca mais me largaram, parti para Coimbra, para a cidade-poetisa, trovadoresca, «a gravura suspensa que Portugal oferece aos olhos do sud-express». E foi em Coimbra, onde as casas dos estudantes, alcandoradas nos telhados, nas ruas estreitas, são como ninhos em árvores centenárias

 

[0135] O texto de António Ferro sobre Florbela Espanca, de 24 de Fevereiro de 1931, no "Diário de Notícias"

A 24 de Fevereiro de 1931, na capa do "Diário de Notícias", saía pela pena de António Ferro (1895-1956), jornalista, publicita, escritor e futuro Secretário da Propaganda Nacional, o primeiro grande texto sobre Florbela Espanca, desaparecida pouco antes, a 8 de Dezembro do ano anterior. 

O texto é muitas vezes citado, quando se fala da poetisa calipolense, mas há grande dificuldade em encontrá-lo, exceptuando-se o caso dos frequentadores de bibliotecas e hemerotecas – ou seja, o grande público não o conhece.

Fomos dar uma volta ao nosso "baú calipolense" e lá estava o dito, mandado reproduzir há anos a partir de microfilme na Biblioteca Nacional de Lisboa e arquivado numa folha A4 quase como estava no periódico (na altura foi necessário fazer um arranjo de recortes, para caber numa só página – mas o texto está todo, bem como a fotografia e legenda da mesma).

Aqui fica pois, obviamente ilegível, dadas as limitações do mecanismo do blogue. Mas estamos a transcrevê-lo e em breve estará facilitado, para quem o quiser ler ou copiar.

terça-feira, 4 de maio de 2021

sábado, 1 de maio de 2021

[0133] "Homenagem a Luís Augusto Pinto Garcia", mais um trabalho de Carlos Andrade Pernas (2020) ou um calipolense a escrever sobre outro calipolense

É uma edição da Associação Numismática de Portugal, publicada no 110.º aniversário do Museu Francisco Tavares Proença Júnior (Castelo Branco). 52 páginas, com ilustrações a preto e branco, sobre um calipolense "acidental", pois tal como muitos outros (o actor Manuel Lereno, por exemplo) só nasceu em Vila Viçosa devido ao facto de o pai, oficial do Exército, estar ali temporariamente colocado, no regimento n.º 10 de Cavalaria. Vindo ao mundo em 1911, na Rua Alexandre Herculano (ou da Freira), mudou-se em 1918 por via de destacamento paterno para Faro, onde o progenitor veio a ser o 2.º comandante da GNR. 

Sete anos iniciais na velha Calipole, portanto (o que não é pouco), desta personagem fascinante. Numismata prestigiado e homem de cultura e da oposição ao regime, sofreu por isso o mesmo castigo de Bento de Jesus Caraça, tendo sido compulsivamente demitido do ensino. Foi governador civil de Castelo Branco, depois do 25 de Abril.