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domingo, 7 de agosto de 2022

[0329] Relembrando textos do programa das Festas dos Capuchos (2 - 2005)

Sobre as Festas de 2022, ver AQUI

Foto Joaquim Saial

Texto de 2005, inserido na publicação Programa das Festas

CAPUCHOS, AINDA, MAIS UMA VEZ E SEMPRE!

Joaquim Saial

Zeus acordou no Olimpo, naquela manhã de Agosto de 2005, com o aborrecido barulho de repetidas trancadas de malho sobre madeira. O pai celeste esfregou um olho, mirou através das nuvens, e disse para Deméter, Afrodite e Hermes, os deuses que estavam mais próximos: «– Lá estão aqueles de Vila Viçosa a montar outra vez as protecções para a largada dos Capuchos. Todos os anos a mesma coisa. E então quando for o fogo é que vai ser o bom e o bonito!» 

Realmente, a Terra dera mais uma volta à roda do Sol. E quando a terminou, perto do termo do estio, numa vila do ocidente da Europa, sul de Portugal, milhares de pessoas esperavam de novo pela Festa, enquanto a pequena parte que tinha obrigação disso a preparava. É que na velha Calípole, a passagem dos anos não se conta pelo 31 de Dezembro, mas por aquela semana especial de Setembro (este ano, de 9 a 14), muito mais importante que quaisquer outras datas importantes… por mais importantes que sejam. É claro que Setembro é mês sempre frio, a carne do pessoal treme e os maxilares batem um no outro. Mas quem é que quer saber disso?…

E Festa com maiúscula, pois então! E dos Capuchos, coisa que mete convento do nome, cheiro a velas, pagamento de promessas, fervorosa devoção a frades de procedência franciscana, missa e tradicional procissão. 

Festa com largada e corrida, esta de habituais grandes cartéis, por onde têm passado sonantes nomes da terra ou de paragens outras, nacionais e estrangeiras, de triunfos memoráveis, bem como de um ou outro desastre, mais ou menos grave – que touros em praça são bolas em roleta de sorte e azar… 

E filarmónicas, a da terra e as convidadas, com músicos que intercalam uma marcha de John Philip de Sousa com uma imperial na barraca dos coiratos e um paso doble com uma boa coxa de frango assado na tenda do Ezequiel Malagueta, regada com tintol de Borba.  

Para não falar do foguetório e do fogo de artifício, coisa sempre de deixar o povo de boca aberta, sujeito a que lhe tombe dentro da mesma uma cana de foguete em viagem de regresso. Os “Ahhh!”, os “Ohhh!” e os “Olha aquele, foi cair na horta do…” são mais que muitos, com os bombeiros atentos, tentando evitar que Vila Viçosa fique careca de árvores como o resto do País.

E concertos para variados gostos – que o sol quando nasce é para todos, embora nem todos gostem de tudo. O palco do largo tem mostrado desde o meloso ídolo da voz romântica aos conjuntos roqueiros de batida pesada, passando pelas meninas sem voz, mas de perna ao léu, e por gente de mais fino gosto, erudição e classe, em entretenimento sortido que ninguém dispensa.

Vila Viçosa retoma nestes dias o seu ciclo festivo, com o entusiasmo costumeiro. E agora que não está só no Mundo, pois descobriu três irmãs, uma em Córdoba, outra em Odón (Madrid) e a terceira mais acima, nas Astúrias, tem responsabilidades acrescidas. O tempo foi curto para projectos comuns, após a recente geminação, mas desde já aqui lançamos o desafio para que em 2006 a Festa se renove sob o lema: “Uma Vila Viçosa/Villaviciosa por todas e todas por uma”, com stands e bancas de produtos regionais alentejanos, andaluzes, madrilenos e asturianos, autarcas, empresários e intelectuais pelo meio, palestras, bandas, artistas plásticos, torneio de futebol luso-espanhol, muita gente de fora a dormir e a comer cá, restaurantes, cafés e bares à cunha, animação com fartura e o mais que se invente, numa mútua e frutuosa troca de experiências, saberes e sabores, em festarola ambiciosa, de arromba e grande estilo… As outras Villaviciosas, pelo que já deram a conhecer, parece que o merecem; a nossa, obviamente, também. O repto está lançado! 

Entretanto, neste Setembro de 2005, que durante meia dúzia de dias os calipolenses se divirtam e não deixem dormir os deuses! 

Boa Festa, com muita alegria! 


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